Gente que já viu boi voar e acredita em urubus rosados que nadam nas areias borbulhantes do Deserto de Atacama sabe que há coisas impossíveis: por exemplo, que vários jornalistas tenham a sorte simultânea de descobrir, sem que ninguém lhes conte, que Renan Calheiros e Henrique Alves, presidentes do Senado e da Câmara, usaram aviões da Força Aérea Brasileira para atividades particulares. Alguém contou. Suspeita-se de gente do Governo tentando desviar as atenções, após os dois pênaltis que Dilma bateu para fora, o da Constituinte exclusiva para a reforma política e o do Plebiscito imediato.
Pois não é que, tão logo saíram as acusações contra o senador e o deputado, apareceu a notícia de que um ministro do Governo, Garibaldi Alves, da Previdência, usou um avião da FAB para ir ao jogo do Brasil? Chumbo trocado dói, sim. E pau que dá em Chico dá em Joaquim. O presidente do Supremo, cujo nome vinha sendo citado cada vez com mais ênfase como candidato à Presidência da República, em grande parte por sua postura inflexível, acabou surgindo no noticiário por ter ido ver o jogo com passagem paga por dinheiro público. E ao lado do apresentador Luciano Huck - por coincidência, patrão de seu filho. Joaquim Barbosa diz que não ambiciona ser presidente, mas sabe como é: de repente, pode mudar de ideia, e é melhor abater sua candidatura antes que levante voo.
E Dilma? Dilma tenta reequilibrar-se. Mas quando nem Mercadante comparece à sua reunião de todos os ministros, é bom verificar quem é que lhe sobra.(CARLOS BRICKMANN)
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