A cidade de Uruoca nasce em consequência da seca de 1877, 1878 e 1879. Naquela ocasião D. Pedro II, por conta do flagelo, do extermínio do rebanho de animais, da morte e do êxodo de milhares de pessoas, ordenou a construção de duas estradas de ferro para o interior do estado. Uma delas foi exatamente a Estrada de Ferro que ligou Camocim a Sobral. No percurso de sua construção ergueram-se acampamentos e povoados. Nessa região, primeiro povoamento foi o Olho D'água das Bombas, atualmente Arisco, onde era abastecido o maria fumaça de lenha e água. O acampamento dos trabalhadores da Estrada, no encontro dos riachos São Francisco com o São Domingos virou o povoado Riachão. Com o passar do tempo e a vinda de trabalhadores que lá se estabeleceram, tornou-se distrito de Granja e posteriormente denominado de Uruoca.
A concessão do abastecimento d'água e esgoto na maioria dos municípios do Ceará (Uruoca está entre eles) é da CAGECE – Companhia de Água e Esgoto do Ceará. No entanto, cabe a COGERH – Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos - o gerenciamento dos recursos hídricos do Estado. O surpreendente de tudo isso é que essa estrutura governamental não é capaz de fazer análises que contemplem pelo menos três pontos: 1 - verificar que neste lugar do mundo, região semiárida do planeta terra, as secas e estiagens são mais frequentes do que quadras chuvosas adequadas para necessária recarga hídrica; 2 – perceber que a liberação da água rio abaixo, por cerca de 42 km, do açude Angicos ao Jordão, aumenta consideravelmente o desperdício d'água e numa situação semelhante vivida nos anos de 1877 a 1879, o risco eminente de colapso do sistema de abastecimento; 3 – os governantes têm acesso (e não levam em consideração) aos sucessivos relatórios do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas - IPCC - que alertam para o aquecimento global e, neste caso, os eventos climáticos tornam-se mais severos e extremos http://oquevocefariasesoubesse.blogspot.com.br/2014/03/impactos-das-mudancas-climaticas-entra.html;
É importante destacar que mesmo no semiárido cearense há grandes projetos para garantir água para o agronegócio exportador e as grandes empresas do Complexo Industrial do Pecém. Para isto é que serve os megas empreendimentos do governo estatual e do governo federal; Cinturão das Águas e Transposição das Águas do Rio São Francisco. Somente a termoelétrica, a siderúrgica e a refinaria serão responsáveis por um consumo de água equivalente a 96% de toda água utilizada na cidade de Fortaleza. Mesmo com a possibilidade de mais um ano escasso em 2015, e as recargas hídricas se tornarem insuficientes até mesmo para o consumo humano e animal, o Estado busca de todas formas garantir água para os grandes negócios. Lá, certamente, não haverá racionamentos e nem pedido de desculpas pela interrupção no abastecimento.
ResponderExcluirPara quem falta água?
A cidade de Uruoca nasce em consequência da seca de 1877, 1878 e 1879. Naquela ocasião D. Pedro II, por conta do flagelo, do extermínio do rebanho de animais, da morte e do êxodo de milhares de pessoas, ordenou a construção de duas estradas de ferro para o interior do estado. Uma delas foi exatamente a Estrada de Ferro que ligou Camocim a Sobral. No percurso de sua construção ergueram-se acampamentos e povoados. Nessa região, primeiro povoamento foi o Olho D'água das Bombas, atualmente Arisco, onde era abastecido o maria fumaça de lenha e água. O acampamento dos trabalhadores da Estrada, no encontro dos riachos São Francisco com o São Domingos virou o povoado Riachão. Com o passar do tempo e a vinda de trabalhadores que lá se estabeleceram, tornou-se distrito de Granja e posteriormente denominado de Uruoca.
A concessão do abastecimento d'água e esgoto na maioria dos municípios do Ceará (Uruoca está entre eles) é da CAGECE – Companhia de Água e Esgoto do Ceará. No entanto, cabe a COGERH – Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos - o gerenciamento dos recursos hídricos do Estado. O surpreendente de tudo isso é que essa estrutura governamental não é capaz de fazer análises que contemplem pelo menos três pontos:
1 - verificar que neste lugar do mundo, região semiárida do planeta terra, as secas e estiagens são mais frequentes do que quadras chuvosas adequadas para necessária recarga hídrica;
2 – perceber que a liberação da água rio abaixo, por cerca de 42 km, do açude Angicos ao Jordão, aumenta consideravelmente o desperdício d'água e numa situação semelhante vivida nos anos de 1877 a 1879, o risco eminente de colapso do sistema de abastecimento;
3 – os governantes têm acesso (e não levam em consideração) aos sucessivos relatórios do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas - IPCC - que alertam para o aquecimento global e, neste caso, os eventos climáticos tornam-se mais severos e extremos http://oquevocefariasesoubesse.blogspot.com.br/2014/03/impactos-das-mudancas-climaticas-entra.html;
É importante destacar que mesmo no semiárido cearense há grandes projetos para garantir água para o agronegócio exportador e as grandes empresas do Complexo Industrial do Pecém. Para isto é que serve os megas empreendimentos do governo estatual e do governo federal; Cinturão das Águas e Transposição das Águas do Rio São Francisco. Somente a termoelétrica, a siderúrgica e a refinaria serão responsáveis por um consumo de água equivalente a 96% de toda água utilizada na cidade de Fortaleza. Mesmo com a possibilidade de mais um ano escasso em 2015, e as recargas hídricas se tornarem insuficientes até mesmo para o consumo humano e animal, o Estado busca de todas formas garantir água para os grandes negócios. Lá, certamente, não haverá racionamentos e nem pedido de desculpas pela interrupção no abastecimento.
Moésio Mota – historiador e militante do PSOL CE.