"Esta é uma tarde TRISTE para este pleno do STF, porque com argumentos pífios foi reformada, foi, como eu disse, jogada por terra, extirpada do mundo jurídico uma decisão plenária solida, bem fundamentada, tomada por esse plenário".
Com estas palavras, às 12:53, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, iniciou a proclamação do resultado da votação dos embargos infringentes na AP 470. Os réus que haviam sido condenados na primeira rodada de votação, no ano passado, foram absolvidos agora do crime de formação de quadrilha (aqui).
"Foi formada aqui uma maioria sob medida", desferiu ele em seu voto contra os recursos. Para ele, "o Supremo fez um trabalho brilhante" que foi "jogado por terra" pelos novos juízes. "Há dúvidas que eles se reuniram por três anos para a prática de crimes?", perguntou Barbosa.
"Tanto é assim que ninguém tem dúvida sobre quem eram os integrantes da quadrilha, os mandantes, os operadores". "Vale lembrar", disse Barbosa, acentuando que José Dirceu era o chefe, Marcos Valério o principal operador e José Genoíno o distribuidor de dinheiro. "Genoino saia para telefonar e pedir autorização de Dirceu para a distribuição de dinheiro. Delúbio Soares definia o quanto cada um receberia, a data e o local. Não há associação permanente para delinquir?", perguntou.
O voto contrário de Barbosa fechou o placar em 6 votos a favor da aceitação dos embargos (Luís Roberto Barroso, Carmen Lúcia, Dias Toffoli, Ricardo Lewandiowski, Teori Zavascki e Rosa Weber) , contra cinco contrários (Luiz Fux, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Celso de Melo e Joaquim Barbosa).
As penas de réus como José Dirceu e Delúbio Soares terão de ser revistas para menor.
"Como não dizer que toda essa trama não constitui quadrilha?", perguntou Joaquim ao plenário. "Essa estrutura sólida é o contrário de uma associação eventual. O que houve nesses autos é a prática reiterada de quadrilha, sem a alteração da sua composição e de seus objetivos". O ministro afirmou: "Essa tese (de não ocorrência de quadrilha) não convence a ninguém".TRISTE
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