Em primeiro lugar, quero cumprimentá-lo e enaltecê-lo pelo exercício diário de uma profissão marcada pelo permanente compromisso com a verdade dos fatos e da informação. E, em segundo lugar, permita-me fazer algumas considerações sobre a nota publicada, em seu blog, nesta quinta-feira, com o ''"Vereador do interior não trabalha porque seria diferente em Juazeiro do Norte?".
Caro Roberto,
Acabo de assumir a Presidência da União dos Vereadores do Ceará (UVC) e, no exercício do meu segundo mandato na Câmara Municipal da cidade de Tauá, conheço de perto o cotidiano e a vida dos legisladores nas cidades do nosso Estado. A vida desses parlamentares, que muitas vezes abrem mão do dia-a-dia com as suas famílias para trabalhar em prol das comunidades, não é de privilégios, nem de mordomia. Se existem distorções ou privilégios em uma ou outra cidade, na maioria esmagadora dos 184 municípios do Ceará a realidade é diferente.
Considero equivocada a crítica generalizada quando o texto expõe que ''O vereador, no interior, pouco se importa com a Câmara, ele tá de olho é no prefeito e nas verbas da prefeitura, e faz de tudo para surrupiar. O prefeito que não se sujeita a extorsão, perde o mandato''. No meu entender, a crítica é cáustica demais e injusta. Se você me questionar sobre o que aconteceu em Juazeiro do Norte, onde os vereadores aprovaram projeto concedendo a si mesmos um recesso anual de 90 dias, não me furto a responder e dizer que, nesse caso, os vereadores erraram e entraram na contramão da realidade atual. É um erro que depõe contra os próprios vereadores e gera desgaste à imagem do Legislativo Municipal. Essa decisão dos vereadores deve ser revista e ser embasada na mesma sistemática de trabalho/recesso do Senado, da Câmara Federal e das Assembleias Legislativas.
Dizer, caro Roberto Moreira, que o que acontece em Juazeiro do Norte se repete nas outras 184 cidades do Ceará, exceção de Fortaleza, onde os vereadores participam de sessões diárias com até 5 horas de duração, é injusto. Não sou adepto da generalização, nem da injustiça.
De forma alguma a atuação de um Vereador limita-se aos debates nas sessões das Câmaras. O Vereador é o elo de comunicação entre o Poder Público e a sociedade. É o representante direto da população e das comunidades. O Vereador ouve as demandas dos cidadãos, estuda projetos de leis para sua cidade, fiscaliza as contas e as ações do Poder Executivo; tudo isso, também, quando não se encontra nas instalações do Poder Legislativo.
Caro jornalista, e acrescento mais: o Poder Legislativo, sobretudo nas pequenas Câmaras, enfrenta os maiores desafios diante da falta de estrutura, tanto física quanto técnica, e por isso mesmo, precisa do auxílio da imprensa para exercer seu papel social. Duas forças que devem andar lado a lado em busca da proteção aos cidadãos.
O nosso muito obrigado
União dos Vereadores do Ceará (UVC)
Vereador Audic Mota
Presidente
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